segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Realismo Socialista - Parte VII


9. O realismo socialista contado por eles mesmos. . .

Na época de Stalin, o chamado "realismo socialista" foi a arte oficial soviética do regime até os idos dos anos 60. "Arte" seria caridade, já que tal moda não passava de propaganda ideológica soviética disfarçada. O mais característico nas pinturas, esculturas e retratos do "realismo socialista" é o total irrealismo das cenas. Enquanto milhões de cidadãos soviéticos estavam sendo dizimados pela fome, pelos expurgos, pela repressão politica em massa, as pinturas e esculturas stalinistas retratavam camponeses e operários felizes, risonhos, com faces coradas, bajulando a imagem de Stalin e do Politburo soviético. As pinturas são tão ruins, que mais lembram algo kitsch. Nesta mesma época, grandes artistas, escritores, poetas e teatrólogos soviéticos estavam sendo deportados para os campos de concentração ou fuzilados. Nem o cineasta Serguei Eisenstein, o queridinho da alta burocracia soviética, foi poupado da censura, já que fugia à linha ideológica do Partido. Se existiu algum tipo de arte genuína na época de Stalin, foi simplesmente a arte da dissidência, dos perseguidos do regime. Todavia, o irrealismo do regime não se limitava somente à propaganda e às artes: a história mesma era falsificada. Até a ciência e o conhecimento não fugiam à regra. A insólita história do charlatão Lissenko, elevado a diretor da Academia de Ciências da Rússia, que rejeitava a teoria mendeliana da genética, por ser uma "ciência burguesa" e "boukarinista-trotskista", mostra a loucura da ideologização comunista na vida social. Nesta mesma época, os verdadeiros biólogos e cientistas que não concordavam com a loucura de Lissenko eram deportados para a Sibéria ou mortos. Por outro lado, a criminalidade do regime soviético não foi denunciada em sua época, porque houve uma sólida e perversa solidariedade dos intelectuais. Nos anos 30, Moscou comprou a peso de ouro muitas consciências, ao ponto de criar quadros intelectuais de peso que mentissem à vontade, em favor de Stalin e da União Soviética. Daí a entender o porquê dos crimes da Grande Fome na Ucrânia, as atrocidades do Comintern da guerra civil espanhola, os julgamentos-farsa de Moscou e mesmo as deportações em massa de populações inteiras do Leste Europeu terem sido silenciadas no mundo ocidental. É a traição dos intelectuais, que venderam a sua alma ao regime comunista.
91. O realismo socialista "trash".






A arte soviética: irrealismo socialista e culto à personalidade.
9.2. Iejovshna e os processo de Moscou:a farsa oficializada.
Os anos de 1936 a 1938 foram um dos mais violentos da história soviética. Tal época foi também conhecida como Iejovshna, por causa do terrível e implacável chefe da polícia política soviética, Nikolai Iejov, que coordenou todos os mecanismos de repressão política e matanças do chamado "Grande Terror". O pretexto para a tamanha criminalidade foi o assassinato de um dos líderes do Partido Comunista, Serguei Kirov, ocasião em que Stálin encontrou um pretexto para o expurgo em massa. Até hoje suspeita-se que o próprio Stalin tenha mandado matar Kirov, embora nunca foi compravada tal hipótese. Seja o que for, Stalin soube aproveitar o crime, para criar uma nova onda de repressão política. Em dois anos, cerca de um milhão e duzentas mil pessoas foram presas, entre as quais, setecentas mil foram executadas. Os expurgos não somente atingiram toda a sociedade civil constituída, como esmagou vários quadros do Partido Comunista e do exército vermelho. Antigos líderes, como Kamenev, Zinoviev, Bukharin e o marechal Tukachevski, foram "julgados" e executados. Coloca-se entre aspas, porque os julgamentos já tinham a sentença de morte decretada antes dos processos.

Nikolai Iejov: o arauto do Grande Terror, chefe da polícia política soviética, época também chamada Iejovshna, em sua homenagem. Baixinho (1,54 m), devasso, promíscuo e bissexual, Stalin livrou-se dele, mandando executá-lo em 1940


Lublianka: um antigo prédio de uma companhia de seguros, na época do czar, transformado em sede da temível NKVD. Em seus porões, milhares de soviéticos foram executados.

A massa, organizada pelos comunistas, é forçada a participar da farsa e da violência do "Grande Terror"!

Tempos difíceis: cenas de um crime esquecido. . .

Nikolai Bukharin, ideólogo e político soviético, preso, torturado e assassinado a mando de Stalin, em 15 de março de 1938.


Lev Kamenev, político da velha cúpula bolchevique, executado, junto com sua família, em 25 de agosto de 1936.


Grigory Zinoviev, velho partidário da cúpula bolchevique e opositor de Stalin, executado no mesmo dia que Kamenev, 25 de agosto de 1936.

O marechal Tukhachevski, líder do exército vermelho, julgado e executado a mando de Stalin em 12 de junho de 1937. Em sua declaração de "confissão", encontrou-se respingos de sangue. Com ele, cerca de 50 mil oficiais soviéticos foram presos e a maioria executados. A destruição da elite militar soviética alijou o exército vermelho de seus melhores quadros, pesando no desastre da guerra contra a Finlândia, em 1939, e em enormes baixas contra a invasão nazista, em 1941. Junto com o Tukhachevski, há uma lista do Estado-Maior assassinado por Stalin:

I. mais 02 dos 05 marechais;

II.13 dos 15 generais cinco estrelas;

III. 08 dos 09 almirantes;

IV. 50 dos 57 generais de divisão quatro estrelas;

V. 154 dos 186 generais de divisão;

VI.Todos os 16 comissários do exército;

VII. 25 dos 28 comissários de divisão do exército.


Nikolay Krilenko, promotor público dos julgamentos-farsa de Moscou. Responsável pela condenação à morte de milhares de pessoas, acabou sendo triturado pela máquina de matar de Stalin, acusado de traição e executado em 1938.

9.1. O expurgo da verdade e da história: quem acredita nos comunistas?

O regime comunista soviético aplicou a falsificação deliberada da história em grande escala. Os livros, as fotos, as idéias, eram todos reescritos em vistas à conveniência do Partido Comunista. Isso já começa com Lênin, quando a Vetcheka monitorava tudo o que era escrito a respeito da União Soviética fora de suas fronteiras. Jornalistas e escritores eram obrigados a escrever aquilo que o Partido determinava e qualquer tipo de crítica que pudesse sair do país, aos olhos da opinião pública internacional, era censurado. Na época de Stálin, a falsificação tomou proporções sofisticadas e absurdas, sendo que toda memória histórica da Rússia foi reescrita várias vezes, aos caprichos do ditador. Não somente a memória histórica foi expurgada e deturpada, como a verdade foi uma das maiores vítimas na Rússia. É perfeitamente compreensível entender o porquê do povo russo ter uma certa amnésia de seu passado. A falsificação criminosa da memória histórica é uma das coisas mais surrealistas noticiadas no século XX.



Os soviéticos já usavam photoshop: o chefe da NKVD, Iejov, expurgado em vida, não é poupado nas fotos. Desaparece nos arquivos históricos oficiais.

Serguei Kirov, assassinado em 1934, e demais companheiros do Partido, "somem" das fotos de Stálin. Todos eles, gradualmente, foram mortos e retirados da história.



Stálin nunca esteve aí: essa foto é falsa. Lênin era o espantalho do Partido para tudo e Stálin precisava se legitimar neste símbolo. Ainda que falsificasse a história.

Tio Koba, o amigo das crianças: enquanto o ditador soviético batia essa foto com a criança acima, seus pais foram executados pela polícia política, durante o Grande Terror.






Trotsky já tinha sido apagado do Partido e da memória histórica soviética nas fotos, antes de ser assassinado por Ramon Mercader, com uma picaretada na cabeça, em 1940, no México. Ele foi uma dos últimos velhos quadros do Partido Bolchevique, exterminados pelo Grande Terror.


Ramon Mercader: espanhol, agente do Comintern, assassino de Trotsky, em 1940. Condecorado pelo regime soviético, morreu em Cuba, na ilha de Fidel Castro, em 1978.

9.3. As mil e uma faces de Pavlik Morozov.



Músicas, poesias, corais, teatros eram incentivados para as crianças soviéticas louvarem o " glorioso mártir" soviético, menino Pavlik Morozov, com exemplo de virtudes. O motivo? Ele delatou o pai para a NKVD. O caso Morozov é dos mais monstruosos relatos de uma educação utilizada pelo controle estatal. As crianças, fanatizadas pela propaganda soviética, induzidas a traírem os pais ao Partido. As crianças, inavertidamente, foram usadas como a extensão da própria polícia política. O mito em torno de Morozov nasceu em 1932, época da coletivização forçada, quando Morozov, aos doze anos, pertencente a um grupo escolar de militantes comunistas mirins, denunciou o pai, que vendia alimentos para os "inimigos do Estado Soviético". O defecho foi trágico: o pai de Morozov foi deportado para um campo de concentração soviético e os avós, tios e primos desesperados do garoto, acabam matando-o, para evitar a delação. Milhares de telegramas de populares, enviados à polícia política, pediam "justiça" contra o crime. A polícia política não perdoôu: prendeu e deportou toda a família do rapazinho. Estátuas, escolas, monumentos e mesmo grupos de escoteiros foram batizados para homenagear o garoto que traía sua família pela revolução. O grande paradoxo é que a história, provavelmente, não existiu: é fruto da propaganda de mentiras e desinformação soviéticas, criada para induzir a delação em massa de filhos contra os pais. Até hoje os historiadores têm dificuldades de provar a existência da versão martirológica de Pavlik, precisamente porque, durante gerações, ela foi totalmente reescrita. Mesmo as fotos de Morozov foram modificadas, de acordo com as conveniências da propaganda. A farsa durou até o fim dos anos 80. A família, na União Soviética, foi criminalizada pelo Estado.






Quem é Pavlik Morozov?

9.4. A traição dos intelectuais: as mentiras que eles contam. . .

Depois de tantas atrocidades feitas pela União Soviética, por que o mundo dos anos 30 silenciou a respeito dos crimes de Stálin e seus congêneres? Moscou comprou, induziu e manipulou muitos intelectuais que, cooperando com o regime, mentiram ou falsificaram os acontecimentos que ocorriam em território soviético. A grande fome na Rússia da Ucrânia, durante muitos anos, foi virtualmente negada pelo governo comunista, seus militantes e simpatizantes. E da mesma forma que a União Soviética fabricou uma campanha de desinformação a respeito de sua realidade, induziu os Partidos Comunistas a mentirem, ou, na melhor das hipóteses, a caluniar, difamar e desmoralizar os dissidentes e homens de bem que revelavam os crimes do regime. Essa propaganda de desinformação e mentiras existe até hoje, quando são denunciadas as condições sub-humanas de alguns países comunistas, como Cuba, Coréia do Norte, China e Vietnã, ou quando são revelados crimes contra os direitos humanos. Uma legião de intelectuais ainda é leal ao mal.


John Reed, jornalista comunista norte-americano, escreveu um famoso best-seller a respeito da União Soviética: Os Dez dias que abalaram o mundo. Na verdade, devia ser batizado "Os dez dias que enganaram o mundo", pois seu livro é pura propaganda soviética. Antes de ser publicada no ocidente, por volta de 1918, seu livro passou pelo crivo da Tcheka, a polícia política, na época da Revolução Russa.

Harold Laski, intelectual marxista do Partido Trabalhista Britânico: ele elogiava as cadeias soviéticas, por levarem os condenados à uma "vida plena de dignidade".


Emil Ludwig, historiador alemão, dizia que Stálin era um homem "aos cuidados de quem eu confiaria, sem hesitação, a educação dos meus filhos".


Bernard Shaw, teatrólogo inglês, sobre a União Soviética: ele dizia que enquanto na Grã-Bretanha, um homem entrava na prisão um ser humano e saía criminoso, na Rússia, um homem entrava "como um tipo criminoso e sairia como um ser humano, não fosse a grande dificuldade de convencê-los a sair da prisão. Pelo que eu depreendi, os criminosos poderiam permanecer na prisão tanto tempo quanto desejassem".


O casal de intelectuais socialistas fabianos ingleses Sidney e Beatrice Webb: eles escreveram um livro, "Soviet communism, a new civilisation?" (Comunismo soviético, uma nova civilização?), em que negavam que Stálin fosse ditador e que tinha menos poderes do que o presidente do Estados Unidos. O casal ainda falava: "É agradável pensar que as manifestações de apreço calorosas foram expressas oficialmente sobre o sucesso do feito da OGPU, não apenas pelo desempenho de um grande feito de engenharia, mas pela conquista de um triunfo de regeneração humana". Beatrice referindo-se à Constituição Soviética de 1936, descrevia a URSS, como a "democracia mais inclusiva e igualitária do mundo".


Bertrand Russell, inicialmente, foi simpatizante da União Soviética. Todavia, em 1920, criticou abertamente o fanatismo dos bolcheviques e achava que o socialismo não vingaria na Rússia, por causa da pobreza de seu povo. No entanto, isso não o impediu de participar de manifestações contra a guerra do Vietnã e fechar os olhos para as atrocidades feitas por comunistas na Indochina. Sem contar que, junto com Sartre, participou do fraudulento Tribunal de Crimes de Guerra norte-americanos, sobre a guerra do Vietnã.

Lion Feuchtwrang, romancista de dramaturgo alemão, sobre os julgamentos-farsa de Moscou, na época do Grande Terror, 1936- 1938: "um debate conduzido (...) por pessoas bem educadas, interessadas em estabelecer a verdade".

H.G. Wells, romancista e escritor inglês, a respeito de Stálin:"nunca havia encontrado homem mais cândido, justo e honesto". . .


Julian Huxley, a respeito da saúde dos russos, na época da Grande Fome de 1929 a 1932: para ele, a população vivia num "nível de saúde geral muito acima daquele que se podia encontrar na Inglaterra".


Bertold Brecht, teatrólogo alemão, notório entusiasta de Stalin. Apoiou publicamente o Grande Terror e os processos stalinistas de Moscou, e, quando a Alemanha Oriental comunista se estabeleceu, a partir 1945, virou seu diretor de teatro, como uma espécie de ditador das artes do país. Eis suas palavras, que retratam o seu caráter:"Para um comunista a verdade e a mentira são apenas instrumentos, ambos igualmente úteis à prática da única virtude que conta, que é a de lutar pelo comunismo."



Jean Paul Sartre, o intelectual das causas imbecis: defendeu Stálin e mentiu sobre os campos de concentração soviéticos, negando-os, antes de renegar o Partido Comunista, para não atingir sua imagem. Apoiou a Coréia do Norte, na guerra da Coréia, dizendo que os norte-coreanos estavam sendo agredidos pelos norte-americanos. Defendeu laboriosamente o terrorismo árabe na Argélia e a violência comunista no Vietnã contra os franceses e os próprios vietnamitas: "Derrubar um europeu é suprimir, ao mesmo tempo, o opressor e o oprimido". E nos anos 60, aderiu alegremente ao banho de sangue e violência do ditador chinês Mao Tse Tung, na China e tinha deslumbramentos com relação a Che Guevara, o sanguinário guerrilheiro argentino. Suas palavras sobre Che: "o mais completo ser humano de nossa era!". Sartre pode ser considerado o intelectual completamente mais estúpido de nossa era!



Noam Chomsky, o "maior intelectual do mundo", na visão da esquerda festiva: ele defendeu o ditador Pol Pot contra as denúncias de genocídio no Camboja, acusando os norte-americanos de fazer propaganda contra o regime comunista. Com sua notoriedade, acobertou um dos maiores genocídios do século. Atualmente, apóia tudo quanto é tipo de modelos totalitários terceiro-mundistas: as Farcs na Colômbia, a proto-ditadura de Hugo Chavez, na Venezuela, Fidel Castro, o terrorismo árabe, além de sentar na mesa com os fanáticos comunistas do Fórum Social Mundial.

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